quarta-feira, 22 de julho de 2009
Concurso premia trabalhos científicos sobre o Norte e Nordeste
Realizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por intermédio das suas Diretorias, o Concurso se destina a selecionar e premiar trabalhos nas áreas acadêmicas da pesquisa social, histórica e de patrimônio cultural.
Podem concorrer trabalhos nas categorias Monografia (trabalho de conclusão de curso), Dissertação de Mestrado e Tese de Doutorado ou Trabalho Científico de Pesquisador Sênior. Os prêmios vão de R$ 5 mil a R$ 20 mil, de acordo com a categoria escolhida.
Para baixar o edital, visite: http://www.fundaj.gov.br/
Boa Sorte!
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Arte, Solidariedade, Profissão.
Cinema sempre foi um meio de ver o mundo. Cada história leva junto coisas que os roteiristas passaram horas pensando, foram buscar no fundo de suas memórias ou na topo de sua imaginação. Aí vem o diretor e se encarrega de acrescentar mais um monte de referências, que pouco a pouco vão dando forma ao filme e tocando os espectadores, de diferentes formas: resgatando a memória, emocionando, tocando a alma, causando indignação, abrindo novos horizontes e mais uma infinidade de possibilidades que não se esgotam nas palavras.
Minha infância foi repleta de filmes do incrível Carlitos (meu tio|pai Maninho é inteiramente responsável por isso), cujas imagens estão no fundo da minha memória e do coração. Criança, não entendia (pelo menos racionalmente) a profundidade que Chaplin imprimia em sua atuação e como ele tocava o mundo de uma maneira singular. Arte era seu meio de vida. Talvez, a única forma de vida que lhe fosse possível. Sem mesmo eu saber direito - e isso ainda é uma suspeita - Chaplin tenha me tocado tanto que minha admiração virou profissão.
Não! Jamais pensei em me comparar com Chaplin. Seria um pouco demais... Mas sou sim capaz de me dizer influenciada por ele. E quem não foi?
A educação, assim como o cinema, é capaz de tocar as pessoas. De mudar suas histórias, de dar uma nova perspectiva a suas vidas. Isso sim me faz seguir trocando experiências nas faculdades com meus alunos. Se eu for capaz de tocá-los, de disparar algo que tímida ou devastadoramente os façam trocar as lentes para enxergar o mundo de quantas formas forem necessárias.
No cinema e na educação existe algo de tão solidário quanto egoísta. É tanto uma forma de deixar uma marca sua em cada um que você conhece, que assiste seu filme ou a sua aula, uma forma de perpetuar-se. mas é também um meio de doar-se a cada segundo para ver que o outro está um passo a frente.
Acho mesmo que o mundo precisa de muitos artistas. Mas também precisa de gente solidária. Por isso acho que tenho uma excelente profissão .
Mannuela Costa é professora, produtora e escreve semanalmente paara este blog. Ah! E adora saber que a cada história do cinema, existe uma aula e o mundo vai ficando um pouquinho diferente.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Atenção, produção!
Produção é uma arte, uma técnica, uma paixão. Um vício. E posso dizer isso com conhecimento de causa. Não estou nas bodas de ouro mas já nas de Açúcar e posso acrescentar o afeto, como diria o mestre Chico Buarque. E tem que ter afeto mesmo.
Se você for aos livros, vi ler que Produção Audiovisual é a ação de fazer com que a idéia de alguém se torne realidade: um filme, uma série de TV, uma novela, um jornal. É juntar recursos humanos e materiais para executar atividades das ditas três fases: pré-produção, produção e pós-produção. E o produtor, aquele que ordena, discute, projeta, planeja, executa, presta contas, negocia... ufa!
Mas a produção vai além das três fases. Começa bem antes e termina bem depois. Começa com o compartilhar um sonho com alguém que você pode ter conhecido há algumas horas. Passa por compartilhar a paixão por esse sonho: primeiro com a equipe, para transformá-lo em realidade, e depois com o público. Chega a uma espécie de fim quando o projeto já vai caindo no esquecimento do tempo ou
é substituído pela urgência de realizar um novo sonho.
E por falar em sonho, não sei mesmo como produtor sonha tanto. Afinal, quase sempre acordam cedo, dormem tarde, andam com pastas, papéis, bloquinhos e uma agenda quase sem folhas em branco. E ainda arranja tempo para ser figurante, ajudante, motorista, cozinheiro, copeiro, digitador, comerciante, investidor, vendedor, redator e assistente de todo mundo. e olha que parei a lista para não me alongar.
Todos os bons produtores que conheci até hoje carregam aquele brilho no olhar quando estão com um novo projeto nas mãos. São também obstinados e não têm medo de ousar quando enxergam, antes de todo o resto do mundo, o que está por vir. De bom ou de ruim, deve-se registrar. Entre planilhas, e-mails, cronogramas o produtor tempera a vida com paixão. Sim, porque de modo saudável, esse trabalho de 'produzir' se entranha na pele da gente e se mistura com o sangue e vira dependência química. Vira sonho, conversa de bar, interesse e toma até a hora do lazer (que produtor dispensa um bom filminho?!).
A Plano 9 tem esse nome por causa do filme, quase homônimo, Plano 9 do espaço sideral (EUA - Plan 9 from outer space), de 1954, de Ed Wood. Descrito como o 'pior cineasta de todos os tempos', Edward Davis Wood, Jr. foi produtor, roteirista e diretor de inúmeras películas consideradas 'filme B', ou trash, como preferir, a partir do fim da década de 1950. O detalhe é que Wood tinha mais vontade (ou paixão) do que dinheiro. Mas isso não o impediu de roteirizar e dirigir mais de 30 filmes em quase 3 décadas. Ainda que com efeitos especiais que lembram muito defeitos especiais, atores duvidosos, financiadores controversos - Plano 9 teria sido financiado pela Igreja Batista (!) - e aproveitando restos de película de outras produções ou cenas gravadas em espaços de tempo descontínuos.
Entre os filmes mais famosos de Ed Wood (além de Plano 9), estão A noiva do monstro (Bride of the monster), Noite das assombrações (Night of the ghouls, ou Revenge of the dead), Orgia da morte (Orgy of the dead). O diretor ainda associado a Bela Lugosi, o célebre intérprete do Conde Drácula, com quem fez alguns filmes. Ed Wood seria posteriormente homenageado pelo aclamado Tim Burton em 1994, com a realização de filme que leva eu nome como título, cuja interpretação fica por conta de Johnny Depp.
Hoje Wood coleciona nomeclaturas de 'cult' em seus filmes e nos deixa a lição de que produzir, isto é, fazer acontecer é, antes de tudo, ter paixão por aquilo que escolhemos fazer. Isso certamente nos empurra para frente, nos compele a produzir, acima de qualquer coisa, com orgulho de ser autenticamente aquilo que escolhemos ser.